terça-feira, 19 de outubro de 2010

Mantega anuncia novo IOF para capital estrangeiro em RF e Derivativos

Governo eleva IOF sobre capital estrangeiro em renda fixa a 6%
Outra medida anunciada é a elevação do IOF para o recolhimento de margem na BM&FBovespa dos atuais 0,38% para 6%

Carlos de Assis, da Agência Estado

SÃO PAULO – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou na noite desta segunda-feira, 18, duas novas medidas com o objetivo de atenuar a pressão cambial sobre o real. Uma delas é o aumento de 4% para 6% da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre investimentos externos em renda fixa e a outra medida é a elevação do IOF para o recolhimento de margem na BM&FBovespa dos atuais 0,38% para 6%. “O que queremos é diminuir o apetite dos aplicadores estrangeiros de curto prazo. Aqueles que vêm aplicar de dois a três anos pagarão o IOF, mas não devem parar de investir no Brasil”, afirmou o ministro.

Mantega disse que o estoque do volume de margem na BM&Bovespa é de US$ 20 bilhões e que esse montante pode lastrear US$ 200 bilhões. “Veja a taxa de alavancagem!”, destacou o ministro, ao justificar a razão de estar elevando para 6% a alíquota do IOF sobre o recolhimento de margens.
Ele disse acreditar que essas medidas surtirão efeito, contudo não descartou a possibilidade de novas medidas caso seja necessário. Mantega destacou que é importante aguardar os resultados das medidas anunciadas esta noite e explicou que o governo pretende dosar as medidas até porque não há interesse em prejudicar os investimentos estrangeiros diretos. “Queremos atenuar o excesso de variações. O que vai acontecer com o câmbio não sei dizer porque não faço projeções cambiais”, disse.

O ministro disse que há um apetite muito grande da parte dos investidores estrangeiros e que só no mês passado entraram no País US$ 16 bilhões, e adiantou que na última semana houve um forte ingresso de capital estrangeiro, mas sem citar números. O ministro adiantou ainda que nas conversas na semana passada, em Washington, percebeu que há um número significativo de grandes fundos estrangeiros querendo desembarcar no Brasil. “Para fazermos o moderador de apetite estamos avisando que quem vier investir no Brasil vai ganhar menos e que deve olhar também para outros países”, comentou, dando como exemplo a Austrália.

Mantega voltou a enfatizar a necessidade de uma ação coordenada para combater a guerra cambial no mundo. “Eu desnudei esse tema. Tirei o véu da guerra cambial, agora estamos fazendo uma ação coordenada de vários países porque se cada um tomar uma medida individual, os EUA continuarão emitindo e a China desvalorizando a sua moeda e fica todo mundo na mesma situação”, afirmou.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Títulos longos poderão ter IR e compulsório menores

Hoje, o país dispõe praticamente de apenas uma fonte para esse tipo de crédito, o BNDES.
Cristiano Romero e Claudia Safatle

Atualmente, os ganhos decorrentes de investimentos financeiros com prazo superior a um ano são taxados com Imposto de Renda em 15%

O governo estuda a adoção de duas medidas para estimular a emissão de papéis de longo prazo, como debêntures e Letras Financeiras (LF): a redução do Imposto de Renda incidente sobre esses títulos e a redução ou eliminação do recolhimento compulsório sobre emissões feitas pelos bancos. Além disso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) trabalha junto com entidades do mercado na elaboração de medidas para desenvolver um mercado secundário para títulos privados.

O objetivo do governo é criar condições de os bancos captarem recursos de longo prazo para oferecer crédito com prazos também mais longos. Hoje, o país dispõe praticamente de apenas uma fonte para esse tipo de crédito, o BNDES. Com o desenvolvimento do mercado de capitais, a intenção é desafogar o banco oficial, que em 2009 desembolsou mais de R$ 140 bilhões em empréstimos.

Atualmente, os ganhos decorrentes de investimentos financeiros com prazo superior a um ano são taxados com Imposto de Renda em 15%. O Banco Central, por sua vez, recolhe 15% de compulsório sobre os recursos captados pelos bancos por meio de Letras Financeiras.

As LF foram o primeiro passo dado pelo governo no sentido de estimular o alongamento dos prazos de captação dos bancos. Desde o primeiro lançamento, em 31 de março deste ano, já foram captados R$ 10,3 bilhões por meio desses papéis. Executivos da Associação Nacional de Bancos de Investimento e Mercado Aberto (Anbima) sustentam que a LF já é um sucesso, mas fontes de grandes bancos ouvidas pelo Valor estão pessimistas quanto às próximas emissões.

Uma das razões para o ceticismo está no baixo custo das captações no exterior. O Bradesco, por exemplo, lançou neste mês papel de dez anos, captando US$ 1 bilhão ao custo de 5,95% ao ano. Desde esse lançamento, os juros americanos caíram mais por causa de decisão do Federal Reserve (o banco central americano), o que levou o Banco do Brasil a também estudar uma emissão externa.

A queda dos juros reais e um "racionamento" nos financiamentos do BNDES são premissas para se criar mecanismos de financiamento de longo prazo no país, diz Armínio Fraga, sócio da Gávea Investimentos. "Os juros têm caído, mas precisam cair muito mais, para 3% a 4% ao ano em termos reais", afirma. Em entrevista ao Valor, ele disse que caberá aos fundos de pensão, às seguradoras e aos fundos de previdência complementar, entre outros, a oferta de empréstimos de longo prazo para investimentos, hoje dependentes do BNDES, e que o governo terá de ter papel ativo nessa transição.
Fonte: Valor Online

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Fusões e aquisições totalizam R$ 84,8 bilhões no semestre

SÃO PAULO - As 59 operações de fusões e aquisições anunciadas no primeiro semestre do ano somaram R$ 84,8 bilhões, o maior valor para o período desde 2006.

A informação é da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O montante é 43,2% superior aos primeiros seis meses do ano passado e já representa 71,3% de todo o volume observado em 2009.

As operações de aquisição de empresas estrangeiras por brasileiras, 18 no primeiro semestre, foram destaque no período, representando 46,6% do volume total (R$ 39,5 bilhões). Em seguida estão as operações entre empresas brasileiras. De acordo com a Anbima, o resultado denota o aumento da presença das companhias nacionais como compradoras globais.

Para se ter uma ideia, as aquisições entre brasileiras corresponderam a 79,9% do volume durante o primeiro semestre de 2009.

A joint venture entre a Shell e a Cosan lidera o ranking divulgado pela Anbima, com volume de R$ 11,6 bilhões. Na segunda posição está a venda dos ativos de alumínio da Vale para a Norsk Hydro, no valor total de R$ 8,5 bilhões. Em seguida, aparecem a aquisição da Bunge pela Vale (R$ 7 bilhões) e a compra dos ativos brasileiros da Devon Energy Corporation pela BP (R$ 5 bilhões).

A Anbima destaca que as operações acima de R$ 1 bilhão apresentaram crescimento de 37,3%, recorde da série histórica do Ranking Anbima de Fusões e Aquisições criado em 2006, e bem superior à fatia de 25% correspondente ao primeiro semestre de 2009.

FONTE: Ana Luísa Westphalen | Valor)

Meirelles e Bernanke enfraquecem aposta de alta nos juros em 2011

As apostas em alta da taxa básica de juros em 2011 foram reduzidas após os bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos terem sinalizado, respectivamente, a manutenção da inflação brasileira dentro da meta e uma recuperação "mais modesta" da economia americana.

O mercado vem derrubando os juros futuros, especialmente os de vencimento mais longos, nos últimos dias.

O contrato de Depósito Interfinanceiro para janeiro de 2013 caía 3 pontos-base para 11,46% às 10h16, acumulando queda de 21 pontos- base na semana até 10h01.

A taxa para janeiro de 2012 cai 1 ponto para 11,30%, com queda de 17 pontos na semana.

A maior parte da queda dos contratos do DI ocorreu na segunda-feira (16) após declarações feitas pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em Belo Horizonte.

Ele disse que, "olhando para frente, a expectativa de inflação está em torno da meta em 2011, e na meta nos anos seguintes".

As sinalizações do BC brasileiro levaram o mercado a reduzir as apostas em mais altas de juros em 2011, disse Marina Santos, economista-chefe da Squanto Investimentos, em entrevista por telefone de São Paulo.

Para a economista, a possibilidade de uma desaceleração mais forte no exterior está fazendo o mercado considerar outras possibilidades, e até queda na Selic.

"Agora, mesmo com uma chance de apenas 10%, já se pode falar até na possibilidade de queda da Selic no próximo ano se for confirmado um cenário de atividade mais fraca no exterior", disse Marina.

Meirelles disse de madrugada na Globo News que "não podemos ficar tirando conclusões precipitadas" porque o BC "não pode sinalizar aquilo que não sabe".

"Parece que o BC mostrou uma preocupação com a reação de queda da segunda-feira, após as declarações de que a inflação estava ancorada, dado que o movimento foi muito brusco", afirmou Zeina Latif, economista sênior para América Latina do RBS Securities.

Segundo Marina da Squanto, o cenário externo também ajudou a derrubar os juros futuros no Brasil desde que o comunicado da última reunião de política monetária comandada pelo presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke afirmou que a recuperação da economia americana deverá ser "mais modesta" do que o previsto.

As apostas no fim do aperto monetário iniciado em abril deste ano também se consolidaram. "O mercado comprou a ideia de que a Selic não sobe mais e fechará o ano em 10,75%", disse Newton Camargo Rosa, economista-chefe da Sul America.

Apesar da queda dos juros futuros mais longos, Camargo Rosa mantém a avaliação de que, após a pausa do aperto monetário no próximo Copom, o Banco Central terá de reiniciar o aperto monetário no próximo ano.

"Não há sinais de arrefecimento da demanda e ainda poderemos ter o impacto de uma alta das commodities", disse o economista.

FONTE: Brasil Econômico - Por Josué Leonel/Bloomberg News